Os impactos que as artes de pesca perdidas ou abandonadas no mar trazem são vários, atuando ao nível da fauna, do habitat, da economia e da poluição.
Ao nível da fauna, o maior impacto está na mortalidade causada a espécies alvo e não alvo das pescarias uma vez que as redes fantasma continuam a capturar indivíduos, contribuindo para um aumento significativo da mortalidade e diminuindo a sustentabilidade das pescarias. Para além de peixes e crustáceos, as redes fantasma capturam também outros grupos animais como répteis (tartarugas), aves e mamíferos (cetáceos), tornando-se um grave perigo em particular para espécies de elevado valor conservacionista, de estatuto vulnerável ou em perigo (IUCN).

Relativamente ao habitat, a sua afetação depende muito da região, do tipo de fundo, da profundidade a que ocorre a pescaria e do tipo de arte envolvido. As redes de emalhar e de arrasto causarão mais ameaças do que o palangre ao serem arrastadas por correntes. Também os fundos arenosos e vasosos são menos sensíveis que as pradarias marinhas e zonas de corais e esponjas, tipicamente áreas mais produtivas em termos de ecossistema.

Do ponto de vista económico e para os pescadores, há a assinalar os custos diretos necessários para a substituição das redes perdidas e o aumento dos custos (diretos e indiretos) envolvidos na atividade pesqueira para capturar espécies cada vez mais exploradas. Alguns estudos referem que cerca de 90% das espécies mortas pelas redes fantasma são de valor comercial enquanto outros referem valores inferiores, desde 5% para a pescaria no Mar Báltico até 20-30% para a pescaria norueguesa do alabote-do-Atlântico.

Em relação à poluição, a degradação dos materiais sintéticos que compõem as redes de pesca é difícil de estimar, não se sabendo o tempo que possam permanecer na natureza, contribuindo para a acumulação de plásticos no oceano. Muitos animais podem morrer devido à ingestão destes plásticos ou por ficarem neles emaranhados. Como resultado da fragmentação dos resíduos resultantes das redes fantasma surgem os microplásticos que, ao entrarem nas cadeias tróficas e acumulando-se ao longo desta, podem atingir níveis muito elevados nos predadores de topo, o que aumenta os riscos para a saúde destes animais, bem como para a saúde humana associados à ingestão destes organismos marinhos.

Estes impactos podem, no entanto, serem mitigados. Na próxima notícia daremos a conhecer como.